Entre feijoadas e caipirinhas: recordações de Renato com o tio Ibrahim

Renato Sucupira têm muito boas lembranças com o tio Ibrahim. Ambos costumavam conversar bastante sobre temas variados. Uma dessas lembranças, em meio a tantas, vale a pena contar.

Renato tinha um contato bem próximo com o tio Ibrahim, o filho do meio da avó Olinda, que teve seis filhos, três homens e três mulheres. Aos sábados era quase uma religião saírem para comer feijoada e ele tomar caipirinha. Quando voltava para casa, ele dormia até o dia seguinte. Por fumar muito, o tio Ibrahim desenvolveu um câncer de laringe, esôfago e pulmão. Infelizmente pelos anos 1976 ou 1977, a família sofreu muito com a pouca tecnologia que havia para tratar o câncer, no hospital A.C. Camargo, localizado no bairro da Liberdade. Renato acompanhou o tio nos últimos dias dele, fazendo muita companhia para o tio Ibrahim, batendo longos papos.

Anterior a esse período, o tio Ibrahim teve um tipo de esquizofrenia, mas não era agressivo, não xingava, não maltratava ninguém. Algumas vezes ele ficou internado num sanatório que tinha no final da Rua Teodoro Sampaio. Quando Renato e a família iam visitá-lo, levavam doce e muito cigarro. Ele fazia um tratamento de choque (eletrochoque) que era dado na cabeça do paciente para colocar o cérebro no lugar ou piorar a situação… Após vários períodos de internamento, não houve melhora. Na mesma época Renato começou a fumar e quando o tio comprava cigarro, ele roubava um e o escondia como um troféu, sentindo-me mais um “machão” do paraíso.