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Ana Olinda Kairalla Tarcha

Ana Olinda e Nasser Tarcha

Ana Olinda nasceu em Monte Alto/SP no dia 14 / 07/1913 (ou 1903) e faleceu em São Paulo/SP.

Casou-se com Nasser Tarcha, nascido e falecido em São Paulo/SP, e tiveram seis filhos, Roberto, Nilza, Deyze, Ibrahim, Victor e Sônia.

Ana Olinda em 08/11/1927

Recordações e vivências com a avó Olinda

Deliciosos quitutes e premiações natalinas

São muitas as histórias de vivência de Renato Sucupira com a avó Ana Olinda. Nas narrativas abaixo, é possível ver os laços estreitos entre avó e neto.

Na época da Jovem Guarda, tia Sônia, Lucila, Orlando, Celso, Rui, as primas Maria Angélica, Maria Alice e Maria Amélia (já falecida), e outras pessoas que ele não recorda os nomes, se reuniam na casa da avó Olinda e participavam das gincanas que a TV Record transmitia e com isso o domingo estava sempre bem movimentado.

Lembra que seu pai também participava das brincadeiras e sua mãe ficava enciumada por causa das primas bonitas e outras amigas. Era o Randal Juliano que comandava essas gincanas.

Os almoços de domingo eram famosos, porém Renato nunca perguntou para a avó Olinda ou para as tias onde ela arrumava l’argent para fazer as comidas e bebidas.

Avó Olinda ficava a tarde e boa parte da noite fazendo os charutinhos de folha de uvas e ia colocando um a um num caldeirão, com alho e cebolas picadas e, por último, colocava o molho de tomate que ficava horas apurando na panela. Renato se lembra também do quibe cru, do tabule, da coalhada seca e da normal.

Nesses domingos de festa, quando vinha a “italianada”, recorda que não convidavam alguns parentes para evitar os “diz que disse”. Por “italianada” entende-se a família da Tia Alice (uma das irmãs da avó Olinda) casada com Anisio Caraccio, descendente de italianos.

Numa dessas festas de aniversário Renato teve seu primeiro porre. Devia ter 6 ou 7 anos e emborcou um copo de whisky achando que era guaraná. Era moda tomar whisky com guaraná e foi um deus nos acuda. Por sorte o avô Sylvio estava na festa e controlou a situação.

Tinha um primo da avó, Waldomiro Kairalla, filho de José Kairalla, que havia estudado na Alemanha e dava aula de alemão na USP. Ele conversava com a avó Elsie, mãe do Waldemar, seu pai. As visitas ficavam encantadas com o papo deles e as inúmeras risadas dadas por eles e o Dr. Sylvio.

Renato conta que avó Elsie teve leucemia e era ateia. O avô Sylvio a conheceu na Alemanha e a trouxe para o Brasil, onde se casaram.

O pai de Renato tinha uma serralheria numa travessa da Avenida Santo Amaro e quando ele e o Silvio, seu irmão, estavam de férias, ficavam na avó e iam a pé até o Ibirapuera, onde havia e ainda existe a pista de aeromodelismo. Nos sábados e domingos também iam a pé ao Modelódromo. Ninguém ficava preocupado com violência ou falta de segurança, pois eles estavam muito próximos do Círculo Militar.

Durante muitos anos o avô Gido (como José Kairalla era carinhosamente chamado) dava um presentão em dinheiro para os netos, primos e afins.

A mãe de Renato o ensinou a beijar a mão do Gido, tomar a benção, mas na casa do avô Sylvio, que era médico, ele preconizava que beijar a mão não era bom, pois nela tinha muitos micróbios.

Numa véspera de Natal, a família foi visitar o Gido para ganhar o presente e adivinha! Renato, falou para o Gido que beijar mão não era bom, pois nela tinha micróbios. Dá para imaginar a cena constrangedora que causou! O Gido ficou transtornado porque Renato insinuou que a mão dele estava com micróbios.  Com muito tato a avó Olinda conseguiu acalmar o Gido e eles receberam o almejado envelope de Natal.

Por essa época, a Polícia do Exército foi prender o Gido por causa das convicções comunistas que ele declarava abertamente em favor do Luiz Carlos Prestes. Renato lembra que ele fez um baita escândalo, distribuiu bengaladas a torto e a direito e não foi preso. Dr. Sylvio tinha pacientes casadas com militares do Exército e deu uma força para não deixar o Gido ser preso. A colônia árabe deu o maior apoio para o Gido e meu avô.

 
Ana Olinda

A polêmica com o apartamento em Santos e a espiritualidade da avó

Num desses domingos de “boca livre”, na casa da Rua Afonso de Freitas, 668, (hoje é um escritório de contabilidade e design), apareceu um “tio-primo-irmão” que Renato não conhecia. Pessoa muito simpática e alegre, além de falar palavrões em português e árabe. Renato até ganhou um trocadinho dele que, de imediato, minha mãe Deyse agradeceu e fez “salamaleque”.

O que chamou a atenção nesse dia foi o fato dele ser “bengalante” (usava bengala) e estar acompanhado de uma “prima”, o que deixou as famílias em polvorosa. Com a sua alegria, dizia que era muito homem zaburdo, isto é, um cara astuto, e que ninguém devia se intrometer na vida afetiva dele. Diziam que ele era agiota e essa mulher estava de olho na fortuna dele. Tio Simão, talvez fosse esse o nome dele. Terminado o almoço e após um pouco de jogatina, chamaram um táxi e o casal foi embora. Renato ficou imaginando o que a “turcaiada” deve ter falado depois que foram embora.

A avó Olinda era uma espírita de carteirinha e muito estudiosa. Frequentou a Federação Espírita de São Paulo por muitos anos, e Renato herdou-lhe uma grande coleção de livros espíritas e cursos. Os livros foram emprestados, doados e perdidos em suas inúmeras mudanças de endereços. Avó Olinda fazia reuniões espíritas em casa e tinha uma afluência grande de pessoas que buscavam algum conforto espiritual para solucionar os problemas. Renato não sabe explicar como o Gido ficou sabendo da espiritualidade da avó Olinda, mas ele ameaçou deserdá-la caso ela não se afastasse dessa maravilhosa religião.

Um fato que deu muito ibope, brigas, cara feia, discussões mil e outros tititis foi a compra/doação de um apartamento em Santos/SP pelo Gido.

Foi realizado um sorteio entre as 6 irmãs para definir as datas de ocupação. Cada irmã teria direito a uma quinzena. Renato lembra que havia uma tabela de ocupação e era muito respeitada, porém, volta e meia iam pedir para a avó Olinda ceder o uso do apartamento, por causa de algum feriado importante, e ela cedia com bom gosto só para não causar mal-entendidos. Uma vez, as tias Sônia, Maria Angélica e Lucila queriam passar o Carnaval na praia e, por algum motivo, a família que iria usar o apartamento nesse período não cedeu e também não usufruiu no período de Carnaval. Por causa disso ficaram sem se falar por um bom tempo.

Numa das suas férias escolares, Renato pôde ficar uma semana sozinho no apartamento. A tia Odete e tio Alípio, além dos primos Cesar, Júnior, Sandra e mais um primo de quem ele não ele não recorda o nome, o fizeram feliz e não lhe faltou nada. Oh tempinho bom! Alípio era escrivão de polícia no Guarujá e era bom de papo e causos.

Foi na casa da Avó Olinda que alguns casórios foram arrumados: tia Sônia e Clovis, Sandra e Carlos, Suraya e Victor!

 

Colecionando selos, quitutes e festas

Renato sempre gostou e admirou a tia Olga, mulher muito alegre, simpática, espirituosa e “boca suja”. Ele não via maldade nos palavrões que ela proferia, pois saíam com tanta naturalidade que até ficava bonito.

Nesse período, Renato iniciou uma coleção de selos. O avô Sylvio tinha guardado muitos envelopes com os selos que vinham da Alemanha, da França, da Venezuela e da Inglaterra. A esposa dele, Elsie, tinha parentes na Alemanha e na Venezuela, e os selos de outros países eram de correspondentes e amigos do avô Sylvio.

Num desses fins de semana, Renato estava descolando esses selos e surgiu tia Olga, que o ensinou a descolar, secar e, então, ele começou a catalogar os selos. Também ganhou a coleção de selos do tio Roberto, e os tios e parentes sempre o presenteavam com selos. Renato ficou sabendo que a tia Olga era assídua frequentadora do Correio Central que tinha no centro de São Paulo. Ela dizia que comprava sempre três series de selos.

Após algum tempo sem ganhar selos, percebeu uma comoção muito forte nas famílias. A tia Nelly havia falecido por causa de uma transfusão de sangue errada, causando um choque anafilático. Então a tia Olga foi morar em Taubaté para dar uma ajuda à família do tio Arsênio e cuidar da formação do Waldomirinho, xodó dela. Renato teve pouco contato com a tia Geny e lembra-se de uma vez ter ido de moto até Taubaté e ela ter servido um almoço muito caprichado e saboroso.

Houve também um Carnaval em que seus pais Waldemar e Deyse, tia Sônia, Sandra, Victor e Ibraim passaram em Taubaté, e tia Nelly, muito caprichosa na cozinha, deixava todos com água na boca com as comidas e quitutes. Foi a primeira vez que Renato tomou groselha caseira. Contudo, ele tem poucas lembranças dos primos Orville, João Luiz, Constantino e Arseninho. Só foi conhecê-los melhor nas festas de “pré-Natal” na casa do Constantino.

Um fato inesquecível foi a comemoração dos 85 anos da tia Olga, comemoração para ninguém botar defeito ou sair falando mal da festa. Renato não recorda em que residência foi a festa. O que me chamou a atenção foi o tamanho da casa e a sauna.

Para saber mais sobre Renato, suas  crônicas e recordações, acesse sua página da Família Kairalla

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