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Nelly & Arcenio Riemma xx

Nelly & Arcenio Riemma

Nale Kairalla, filha de José Kairalla e de Maria Amélia Soubhie Kairalla, nasceu em Monte Alto, Estado de São Paulo, dia 13 de abril de 1914. Foi a sexta filha do casal e todos a chamavam de Nelly.

O casal José Kairalla e Maria Amélia com seus oito filhos. Nelly está sentada entre entre os pais. Foto tirada em Monte Alto, em junho de 1923.

Sua infância decorreu no período de prosperidade da família, quando os filhos mais velhos foram colocados em escolas localizadas em cidades maiores. Do ponto de vista humano, porém, algo mais importante que a situação econômica da família, é que a vida na comunidade monte-altense era de grande abertura e solidariedade. Os imigrantes árabes, italianos entre outros, estavam muito bem integrados à vida social da pequena cidade de então. E é sempre bom lembrar que na primeira metade do século não existiam automóveis e caminhões pelas ruas, o que deixava espaço aberto e seguro para a convivência entre as crianças da vizinhança.

Foi nesse cenário, após todos os percalços da grande crise econômica de 1930, que Nelly noivou e se casou com Arcênio Riemma, um jovem bancário, filho de imigrantes italianos: Costantino Riemma e Maria Carrer Riemma. O pai Costantino e seu irmão João tinham uma fábrica de macarrão – Fratelli Riemma – que envolvia o trabalho direto de todos os familiares. Arcênio desde menino ajudava a cuidar do cavalo e da carroça utilizada na distribuição do macarrão. Aos 14 anos de idade começou a trabalhar como contínuo na agência do Banco Comercial do Estado de São Paulo, em Monte Alto.

Alunos da escola pública de Monte Alto em 1924.
Detalhe: Arcênio (centro) e colegas

Experiências, renovações constantes e colheita dos frutos de todos os esforços e empenhos feitos não faltaram ao casal. O valor que atribuíam às amizades e às responsabilidades no plano social foram marcantes na vida do casal.

Um casamento feliz

Todos os filhos do casal guardam memórias de um casamento harmonioso, afetivo, tanto no espaço doméstico quanto nas relações sociais. Sempre que saíam de casa andavam de braços dados. A parceria entre os dois era notável. Brincavam que 13 era o número de sorte para eles: Arcênio, nascido a 13 de novembro, era correto, responsável, um grande provedor. Nelly, de 13 de abril, era muito ativa e comunicativa, uma atenta dona de casa, senhora de habilidades domésticas notáveis, na cozinha, nos bordados, nos arranjos estéticos. Para completar, casaram no Dia de Santo Antônio, 13 de junho de 1937.

Nelly e Arcenio se casaram em junho de 1937.

Nelly teve um importante papel no crescimento profissional do marido, funcionário do Banco Comercial do Estado de São Paulo (posteriormente incorporado pelo Itaú). Naqueles tempos, a carreira do bancário incluía mudanças relativamente frequentes de cidades. Logo após o casamento, Arcênio foi transferido de Monte Alto para Santa Adélia, onde nasceram seus três primeiros filhos – Maria Amélia, José Constantino e Arceninho.

E uma nova mudança de cidade. No mesmo cargo que ocupava em Santa Adélia, Arcênio foi transferido para uma agência maior, em Bauru, onde ficou apenas dois anos.

À esquerda, em Bauru, por volta de 1944-45. Nelly ainda fazia “chuca-chuca” no então caçula Arceninho. À direita, foto da primeira comunhão do Arceninho e Tino, em Uchôa, 1948-49.

Na sequência de mudanças de residência, Arcênio foi transferido para uma cidade bem menor, Uchôa, mas com promoção para o cargo de contador. No período da Segunda Guerra Mundial a vida nas pequenas cidades do Interior era muito simples. Para Arcênio-Nelly, no entanto, as relações com os amigos, principalmente com a colônia árabe, era intensa, envolvendo muitas trocas no dia-a-dia.

Santinho de lembrança da Primeira Comunhão do Tino e do Arceninho. A educação religiosa era assunto importante e o ato foi realizado no domingo, 13 de novembro de 1949, data de aniversário do Papai.

A família residiu em Uchôa até o final 1950. E só no final da permanência nessa cidade o casal teve mais dois filhos, João Luís e Orvile.

No início de 1951 Arcênio  foi transferido para Londrina, com o mesmo cargo de contador, mas para uma agência com grande movimento, na cidade que liderava o crescimento econômico do Norte do Paraná.

Nelly sempre expressava grande alegria com essas mudanças, dando força ao marido e contagiando os filhos com a esperança de novos cenários e experiências, ajudando assim a superar as inquietações pelo rompimento de situações estabelecidas e pelo afastamento das amizades. E o mesmo elã se manteve quando Arcênio mudou, como gerente, para Cambé, a seguir para Maringá e finalmente para Taubaté, no Estado de São Paulo, onde se aposentou.

Arceninho, José Kairalla, Nelly, Arcênio e João Luis (atrás), mais os três pequenos: Majô, Regina e Orvile. Não aparecem na foto: Waldomiro, que ainda não havia nascido, e o Tino, que estudava em São Paulo. Foto em outubro de 1959, no Norte do Paraná.

O círculo de amizades era logo reconstruído em cada nova localidade graças aos dons comunicativos do casal. Nelly, de modo particular, em razão de sua ascendência árabe, facilmente estabelecia vínculos próximos com “brimos” e “batrícios”.

A conduta ética do casal também foi exemplar. Nelly era católica praticante e atuou no correr de sua existência em incontáveis serviços de assistência aos pobres. Arcênio, enquanto morou no Interior de São Paulo participava das Obras Vicentinas, mas no período em que residiu no Norte do Paraná o contexto foi outro. Em razão dos suas relações profissionais foi convidado para integrar o Rotary Club, onde associou seu gosto pelas amizades com a disposição de apoio aos serviços comunitários.

Arcênio e Nelly, à direita, com a filha Maria José ao seu lado. Olga, a irmã de Nelly, aparece mais à esquerda segurando a Regina e está rodeada dos três sobrinhos homens: atrás dela o Arceninho, de bigode, e o Orvile; ao seu lado, tete-a-tete, o João Luis. Os demais na foto são o casal de amigos e seus filhos. Foto tirada em Maringá, por volta de 1960.

Herdeiros de fortes valores familiares, comuns aos árabes e aos italianos, o casal realizava viagens com os filhos para as festas religiosas e comemorações com os parentes – Kairallas e Riemmas – que se estabeleceram na capital de São Paulo. De Igual modo, todos os filhos de Arcênio e Nelly, quando adultos estavam infalivelmente presentes às comemorações de aniversários dos pais e no Natal.

A vida em Taubaté

A vida em Taubaté corria tranquila  no início dos anos 60. O cargo de gerente no Banco Comercial, naquele tempo, significava que sua residência e da família estava agregada à agência bancária, no sobrado ou nos fundos do banco, incluindo amplos quintais. Assim, o casal e filhos moravam no centro da calma cidade e todo deslocamento podia ser feito a pé, tranquilamente. E para esse casal sociável e animado as relações de amizade e de participação comunitária eram muitas e variadas.

A Igreja Matriz de Taubaté e a Praça Dom Epaminondas, no correr dos anos 60, tal como podiam ser apreciadas por quem se encontrasse na agência do Banco Comercial.

Arceninho, perto dos vinte anos, foi estudar e trabalhar em São Paulo. Tino, que desde os 15 anos de idade morava longe da família em razão dos estudos, mudou para Taubaté em 1962 e iniciou o curso de Pedagogia na Unitau. As meninas, Regina e Majô cresciam junto da mãe, partilhando de seus dons e habilidades. Waldo continuava o caçulinha mimado!

Falecimento de Nelly

Uma forte comoção ocorreu na família e entre os amigos taubateanos, no início de 1966. Nelly faleceu em Taubaté, aos 49 anos de idade, deixando um filho caçula de 5 anos, duas filhas pré-adolescentes. Em uma cirurgia de útero foi vítima de erro hospitalar ao receber transfusão de sangue incompatível.

Ajuda solidária de amigos não faltou. Por sorte, contamos de início com a presença da Tia Olga no alento às crianças. A seguir, a avó Maria Riemma, sexagenária, veio cuidar da casa e dos netos, que desse modo  tiveram durante dois anos a presença feminina, cuidadora, com afeto incondicional.

Arcênio com Nelly, no início dos anos 60, pouco tempo antes do falecimento dela.

Nesse período de transformações radicais, Arcênio passou à função de inspetor do Banco Comercial, o que significava viajar para as cidades de vários Estados em que existiam agências desse banco. Teve que deixar a residência junto ao banco e comprou uma casa à Rua Mariana Moreira, até hoje é ocupada pela Regina, que manteve desse modo o espaço para os encontros de família nas festividades de fim de ano.

Segundo casamento de Arcênio

Embora tenha sofrido muito com a morte da esposa, a vocação de Arcênio para estar sempre em companhia, no padrão estável e familiar, o levou a um segundo casamento com Jenny Buchalla, filha de árabes, também nascida em Monte Alto. Ele e Jenny tiveram uma convivência feliz e se entendiam muito bem.

Natal 2007 – Taubaté : Jenny ao centro, Waldomiro, Regina, Majô, Orvile, João Luís, Arceninho e Tino. Foi o João Luís quem ofereceu o “uniforme” da Família Riemma, com o logotipo criado pelo sobrinho Matheus.

Arcênio, após se aposentar como bancário, foi convidado para um trabalho de supervisão na Capital e lá se instalou com a Jenny, mas todo final de semana estava em Taubaté com os filhos, na casa da Mariano Moreira.

O falecimento de Arcênio 

Ele tinha o coração como ponto frágil de saúde. No início do ano de 1986, ao deixar os serviços na Capital, fez exame geral de saúde e descobriu, para surpresa de todos, que tinha nódulos no pulmão, embora nunca tivesse fumado. A decisão que tomou, aconselhada por alguns médicos, foi a de não passar por cirurgia em razão dos riscos cardíacos. Era preferível manter a vida normal, já que os nódulos não afetavam sua mobilidade e as relações.

O notável, em decorrência desses desafios de saúde, foi que ele manteve a tranquilidade e procurou deixar tudo bem encaminhado. Ele mantinha sua fé católica e, por certo, isso lhe havia dado muito alento em seus 74 anos de existência. Dizia para os filhos que tivera uma vida muito feliz e que uma hora deveria partir. Ele gostava bastante dos encontros que então eram promovidas pelo Constantino e sua esposa Rose, em São Paulo, reunindo os irmãos espalhados pelo mundo, no mesmo clima festivo dos encontros de Natal na sua casa em Taubaté. Foi lá no bairro da Previdência, por exemplo, que se comemorou seus 70 anos numa grande reunião familiar, com a presença de parentes Kairallas e Riemmas.

Mais uma vez a família se reuniria no Domingo de Páscoa de 1986, na casa do Tino e Rose. Arcênio queria um grande festa e os filhos e noras ajudavam nos preparativos, entre eles o de comprar o maior ovo de Páscoa que se encontrasse, adquirir “aquele” bacalhau no Mercado Municipal de São Paulo. Estavam todos envolvidos no preparo do cardápio e cuidavam dos detalhes para agradar da melhor forma possível o tão estimado patriarca. No entanto, Arcênio faleceu na antevéspera da Páscoa, na Sexta-feira Santa.

Conta Jenny que na noite do falecimento de Arcênio, ele deixou o pequeno escritório domiciliar em que cuidava de seus documentos pessoais e disse a ela: “Agora, está tudo em ordem”. Pouco depois teve como que um acesso de tosse e faleceu.

2 Comments

RicardoPenteado Kairalla
09/07/2021

Meu pai se chamava José Salim Kairalla ,coincidentemente nascido em Monte Alto no ano de 1933.

    Constantino K. Riemma
    09/07/2021

    Ricardo,
    por favor, veja se consegue estabelecer nexo do seu pai com os demais que constam do site da Família José Kairalla. Se o eu avô era o Dib, mencionado em http://www.familiakairalla.com.br/josekairalla/biografia/, somos parentes. Você poderia, então, ajudar a montarmos a página de Dib e seus descendentes.
    Aguardarei seu alô.
    Constantino

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