Tino
Infância
José Constantino Kairalla Riemma, o mais velho dos filhos de Nelly e Arcênio era chamado de “Tino” pelos irmãos e de “José Constantino” pelos pais, parentes e amigos dos pais. Registrado com o prenome composto assim deveria ser chamado pelos adultos. Na escolas e nas relações sociais era só “Constantino”, mas outros apelidos surgiram, como Zé, Consta… Nasceu em Santa Adélia (SP) em 2 de outubro de 1939.
Tino lembra dos cuidados que ele e os irmãos receberam na infância. Em certa medida, alguns foram até exagerados para o tempo: não se andava descalço, mesmo no quintal imenso da casa em que a família morou em Uchôa. Era para sermos “meninos educados”, com respeito aos mais velhos, às etiquetas ao receber ou fazer visitas. Estava na pauta os deveres escolares e religiosos. Nessa linha, já que o Tino fez o “grupo escolar” no período da tarde, foi coroinha assíduo nas missas realizadas todas as manhãs a Igreja Matriz de Uchôa.
A mudança para o Paraná e o crescimento da família, gradativamente, foi dando maior soltura às crianças.
Nos três anos de residência em Londrina, a família morou numa casa de madeira, alugada e, a seguir, na primeira casa própria, construída sob medida.
Logo a família mudou para Cambé, onde que não havia curso colegial, o que levou o Tino a morar em quarto alugado na casa de uma conhecida. Foi, depois, estudar em São Paulo, morando em casa de parentes e pensões. Mudanças e mudanças. Até comprar a casa no Butantã, em São Paulo, ano de nascimento do Gregório (1984), Tino fez as contas: nos seus primeiros 45 anos de vida morou, em média, três anos por cidade e um ano e meio por casa!
Crise vocacional
Aos 18 anos Tino terminava o colégio e fazia cursinho para ingresso em Medicina. Ia bem nos testes e tudo indicava que poderia ingressar na Escola Paulista de Medicina. Mas ao se imaginar na profissão de médico, não se sentia à vontade. Resolveu desistir de medicina e, para se situar vocacionalmente, precisou recorrer a testes psicológicos que levaram a nada. Período de forte desconforto por quebrar as expectativas familiares e por não corresponder ao dinheiro investido nos estudos e na vida longe da família. Fez um ano de jornalismo na Cásper Líbero, se encantou com as aulas de Geografia Urbana, dadas por Azis Ab’Saber, mas também acabou desistindo desse curso.
Para se manter sem mesadas, arrumou seu primeiro emprego no jornal “O Esporte”, do Lido Piccinini. Uma aventura por novas áreas: acompanhamento de treinos e jogos, entrevistas com jogadores; interação com outros repórteres e redatores, além do contato próximo com linotipistas e operadores das rotativas de impressão do jornal. Como o salário era pequeno, arrumou um quarto de pensão, à Rua São Joaquim, ao lado do Colégio Roosevelt, onde concluíra o científico.
A nova morada propiciou Interação inesperada e muito bem-vinda com pessoas de nível econômico diferente do que convivera até então. Seu companheiro de quarto, Raul, era um jovem mulato que trabalhava numa venda próxima à Estação de Luz. No quarto maior, na frente da casa de cômodos, morava uma família de negros, com uma “mãezona” generosa que sempre dava uma ajuda no caso de cuidados de saúde, quando alguém tinha necessidade. O Cláudio, que morava na parte de cima da casa e era empregado de limpeza num prédio de apartamentos, adorava conversar com o Tino para saber das novidades de esportes. E, incluindo o Raul, começaram a partilhar um chimarrão para aquecer o bate-papo. Uma grande lição: quando o dinheiro é pouco, o sentido da vida e das relações pessoais são alimentadas por fontes e novidades que dispensam o luxo e bens de consumo!
Profissão e Educação
Tino aceitou o conselho para deixar o trabalho de repórter esportivo e ir para Taubaté, onde estavam seus pais e irmãos, para fazer algum curso superior. Mas qual? Engenharia? Advocacia? Letras? Pedagogia? Acabou decidindo por Pedagogia, pois tinha o currículo mais variado e incluía Psicologia. E se encantou com Sociologia e com a atuação social, em plena efervescência da crise de 1964.
Eleito presidente do Diretório Acadêmico da Faculdade de Filosofia de Taubaté, estava interessado no desenvolvimento social e educacional e mantinha trocas com os colegas de todos os cursos sobre o trabalho possível para o desenvolvimento social. Mesmo sem estar envolvido com partidos políticos, foi preso logo após a tomada do poder pelo militares: perdeu as aulas que dava em Caçapava. Ficou na incerteza de trabalho até ser contratado pelo SENAC. Aí sua vida mudou: todas suas aspirações de desenvolvimento educacional foram estimuladas e ganharam espaço concreto nessa instituição de aprendizagem voltada para o comércio. E lá se aplicou diretamente na orientação educacional e vocacional dos alunos, depois na supervisão de orientadores, na organização de serviços técnicos e na direção de unidades de ensino. Sentia-se cumprindo sua missão de vida.
Casamento com Rose. Filhos.
Foi no SENAC que conheceu Rose Marie no correr de 1976. E no dia 4 de dezembro desse mesmo ano passaram a morar juntos, num apartamento na Rua Bela Cintra. Passado pouco mais de um ano, nasceu André, em 7 de maio de 1978. Foi um ótimo período de vida, em que Rose deixou o emprego e se tornou dona de casa, dedicando-se inteiramente aos filhos. João Paulo nasceu em 31 de outubro de 1979. Moravam então num apartamento, Rua Itacolomi, próximo ao SENAC, o que permitia ao Tino almoçar em casa e conviver mais estreitamente com a esposa e filhos.
Em 1984 foi possível comprar a casa própria, após dois anos de procura. Encontraram uma casa no Bairro do Butantã, amor à primeira vista, que tinha a vantagem de estar relativamente próxima a uma Escola Waldorf, onde queriam colocar os filhos. E para completar a vida nova, nasceu Gregório a 26 de setembro de 1984.
Rose continuou com dedicação exclusiva aos filhos e à casa. Em 1985, Tino e Rose se casaram em cartório e na Igreja Nossa Senhora do Paraíso. A constituição da família estava formalizada!
Ensinamentos tradicionais
Todas essas novidades de vida decorrentes do casamento e dos nascimento dos filhos foram acompanhadas de um interesse crescente pelas linguagens simbólicas e pelos ensinamentos tradicionais, que teve início com a descoberta do I Ching. Os trabalhos de Gurdjieff e de René Guénon ampliaram seus horizontes e abriram caminho para a participação em grupos de estudo e prática. No final dos anos 80 tomou a decisão de trocar o trabalho seguro no SENAC pela aventura de lidar com o I Ching e Astrologia. Nessa direção, interessou-se também pelo tarô e, em 2005, criou o Clube do Tarô, um site voltado ao intercâmbio e divulgação de estudos sobre o tarô e outras linguagens simbólicas. A despeito dos altos e baixos no retorno material, Tino encontrou uma outra vertente para trabalhar seu interesse pelas trocas, interações, e pela busca do conhecimento tradicional.
Tino trabalha com orientação em consultas individuais e seu blog com informações sobre sua linhas de atendimento profissional é o www.clubedotaro.com.br/blog/constantino
É o responsável pelo site Clube do Tarô, que reúne estudos sobre o baralho e outras linguagens simbólicas: www.clubedotaro.com.br/site/index.asp.
E também pelo site I Ching: https://iching.com.br/.